Depois da Lava Jato

4. 2014-2021: Lava Jato e Desmonte da Petrobras

A Operação Lava Jato, iniciada em 2014, teve um impacto devastador na Petrobras. As investigações e os escândalos de corrupção levaram a uma crise na estatal, com perdas financeiras significativas, desinvestimentos e mudanças drásticas na governança. A partir da Dialética da Dependência, compreende-se que a operação foi uma ferramenta para desarticular a empresa e abrir o caminho para a privatização e submissão do país aos interesses internacionais. Nesse contexto, a Lava Jato não só enfraqueceu a Petrobras, mas comprovou como as relações jurídicas e políticas no Brasil são influenciadas por pressões externas, comprometendo a capacidade da empresa de atuar como um verdadeiro motor de desenvolvimento, redirecionando o caminho na direção de uma maior submissão do Brasil às dinâmicas do capitalismo global.

5. 2021-até hoje: Reestruturação e Desafios Atuais

Após o fim da Lava Jato, a Petrobras continua a enfrentar desafios. O processo de desinvestimentos, e os constantes ataques midiáticos, continuam a influenciar seu papel na economia nacional. Além disso, há uma crescente pressão para que a Petrobras se adapte às novas realidades da transição energética global, enquanto tenta recuperar sua imagem abalada. Neste cenário, a empresa enfrenta uma nova forma de dependência, agora vinculada às exigências do capitalismo global, que demanda uma adaptação às práticas sustentáveis, ao mesmo tempo em que a empresa tenta reestruturar-se em um contexto de competitividade internacional cada vez mais acirrado. Entretanto, o anúncio da reabertura da Fábrica de Fertilizantes (Fafen), que havia sido fechada durante o governo Bolsonaro, em 2020, sinaliza um esforço de reestruturação e revalorização de ativos estratégicos, especialmente em um contexto de crescente demanda global por fertilizantes. Este movimento indica uma tentativa de resgatar a importância da Petrobras não apenas como uma produtora de petróleo, mas também como um ator relevante no setor petroquímico, reforçando a soberania nacional em áreas cruciais para o desenvolvimento econômico, buscando superar as relações de dependência global.

Conclusão

A análise da trajetória da Petrobras ao longo desses cinco períodos revela como a empresa, que inicialmente simbolizava a soberania e o desenvolvimento nacional, foi progressivamente inserida em uma lógica de dependência estrutural. Desde sua criação, com o objetivo de assegurar a autossuficiência energética do Brasil, até os desafios contemporâneos, a Petrobras foi moldada por pressões internas e externas que refletem as complexas relações de poder e dependência no cenário global. A partir da teoria da Dialética da Dependência, pode-se compreender como cada fase do desenvolvimento da Petrobras esteve entrelaçada com a dinâmica do capitalismo global, onde interesses econômicos internacionais influenciaram profundamente a trajetória da empresa e, consequentemente, do país.. A história da Petrobras, portanto, não é apenas a história de uma empresa, mas a de um país que, apesar de suas tentativas de se afirmar soberano, enfrenta continuamente os desafios impostos por sua posição periférica no sistema capitalista e na divisão internacional do trabalho. A contínua luta para reestruturar e adaptar a Petrobras ao cenário global contemporâneo é um reflexo da persistente tensão entre soberania e dependência, que caracteriza o desenvolvimento econômico do Brasil.