Primeiro de agosto, foi a data do aniversário de Sergio Moro, e para não passar em branco, decidimos prestar-lhe uma merecida homenagem. 

Não porque sejamos admiradores, mas porque certos feitos merecem ser registrados na história.

Sergio Moro, magistrado de (pouco) talento peculiar, demonstrou rara habilidade ao transformar um processo judicial em um projeto de poder pessoal. Prendeu Lula, principal líder popular do país, num gesto que exigiu não apenas convicção (provas são superestimadas), mas também uma impressionante capacidade de antever o futuro: sabia que aquele ato abriria caminho para um novo governo e, adivinhem, ele mesmo foi recompensado com um ministério em seguida. Uma sincronia que nem os mais experientes estrategistas conseguiriam planejar. (risos)

Não podemos esquecer também sua gestão singular da Lava Jato, baseada em grampos ilegais, divulgações seletivas à imprensa e um alinhamento fora do comum com o Ministério Público. A imparcialidade, claro, sempre foi seu guia, ao ponto de orientar estratégias da acusação com a discrição de um conselheiro de bastidor. Que outro juiz teria tamanha inventividade institucional?

A vaza jato apenas confirmou o que muitos suspeitavam: um sistema de colaborações subterrâneas e articulações processuais que pouco lembram o devido processo legal. Afinal, por que respeitar os equilíbrios da justiça quando se pode otimizar resultados via mensagens no Telegram?

Sua incursão na política foi um passo natural. Assumiu o Ministério da Justiça com a coragem de não se importar de entrar nos livros de história como aquele que ganhou um ministério, não por competência, mas por bajular Jair Bolsonaro. Mais tarde, candidatou-se ao Senado assumindo de vez seu projeto político de busca por poder, talvez para compensar alguma outra fraqueza menor. Não sabemos. Em meio a tudo isso, também brilhou pela erudição. Uma análise técnica revelou erros gramaticais em praticamente todos os seus projetos legislativos, incluindo desvios básicos de ortografia e sintaxe. Um detalhe que apenas reforça a sofisticação com que trata a língua portuguesa e a legislação do país.

A história ainda julgará Sergio Moro, mas por ora, cabe a nós registrar sua passagem com a crítica que ela exige. Que este texto sirva como lembrança de como o Estado de Direito pode ser instrumentalizado em nome de uma suposta moralidade. E como, muitas vezes, os que se apresentam como heróis são apenas atores de um teatro bem financiado.

Atenciosamente, Museu da Lava Jato