A privatização da subsidiária BR Distribuidora, em julho de 2019, marcou um momento crítico no processo de desmonte da Petrobras, promovido pelo Governo Federal. Esse movimento representou mais do que uma simples transação financeira; simbolizou a transferência de controle da distribuidora, que passou a ter mais capital privado do que estatal, minando a soberania nacional e a integridade da maior empresa de petróleo do Brasil.

A BR Distribuidora desempenha um papel fundamental na garantia da autossuficiência energética do país, permitindo que a Petrobras opere de forma integrada em toda a cadeia produtiva de óleo e gás. A venda desta subsidiária não foi apenas a perda de um ativo estratégico, mas a destruição de uma marca que, por décadas, consolidou a Petrobras como um símbolo no imaginário popular brasileiro. O pesquisador William Nozaki, do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), destacou:

“O desmonte desse elo é o desmonte de uma empresa petrolífera que atuava desde a produção até a relação com o consumidor final.”

A análise de Nozaki sublinha que essa venda foi parte de uma estratégia orquestrada desde o governo Temer, cujo objetivo era transformar a Petrobras em uma empresa focada exclusivamente na exploração e produção de petróleo em alto-mar. Para atingir essa meta, a estatal foi gradualmente removida de outros segmentos da cadeia produtiva, abrindo caminho para que atores privados, muitos deles internacionais, pudessem lucrar com a exploração do pré-sal e outros recursos nacionais.

O impacto mais devastador dessa política de desmantelamento é o enfraquecimento da soberania nacional, com consequências que vão além do comprometimento da autossuficiência energética, afetando também a confiança do público na Petrobras como um símbolo de independência e orgulho nacional.

A privatização da BR Distribuidora foi apenas o início de uma série de desinvestimentos que incluíram, posteriormente, a venda de refinarias da Petrobras. Esse processo de desmonte foi acelerado e aprofundado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, com claras repercussões da Operação Lava Jato, que contribuiu para a fragilização e enfraquecimento da estatal, abrindo espaço para interesses privados, tanto nacionais quanto internacionais, na exploração de um dos maiores patrimônios do Brasil.

Fonte: Brasil de Fato