A história da Petrobras é marcada por diferentes fases, cada uma refletindo mudanças significativas no cenário político, econômico e social do Brasil. A divisão em cinco períodos históricos permite uma análise mais profunda das transformações que a empresa sofreu ao longo do tempo, bem como das forças internas e externas que influenciaram seu desenvolvimento. Essa abordagem facilita a compreensão de como a Petrobras, inicialmente concebida como um símbolo de soberania nacional, foi progressivamente inserida em uma lógica de dependência, característica dos países periféricos no sistema capitalista global.
Este período marca a fundação da Petrobras em 1953, durante o governo de Getúlio Vargas, sob o lema “O petróleo é nosso”. A estatal foi criada com o objetivo de garantir a soberania energética do Brasil, alinhando-se com a ideia de desenvolvimento nacionalista. Durante essas décadas, a Petrobras consolidou-se como uma das principais empresas do país, desempenhando um papel crucial na industrialização e no desenvolvimento econômico. A dependência estrutural do Brasil em relação ao capital estrangeiro e às tecnologias de extração e refino de petróleo é um ponto crucial para a compreensão deste período. A criação da Petrobras foi uma tentativa de assegurar a soberania nacional frente a posição que o Brasil ocupa, enquanto país periférico, na divisão internacional do trabalho
A ascensão do neoliberalismo no Brasil nos anos 1990, especialmente durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, representa uma reconfiguração das relações de dependência, outrora ameaçadas pelo desenvolvimento nacional, capitaneado pela Petrobrás. Relações de dependência que o Brasil mantinha, e ainda mantém, com os países da centralidade do capitalismo, uma vez que esses países, em conluio com o Banco Mundial, exerceram uma pressão significativa para a privatização das empresas estatais, incluindo a Petrobras. A abertura do mercado e as mudanças na legislação permitiram maior participação do capital estrangeiro, levando a uma reestruturação da estatal e a sua parcial abertura ao mercado internacional. Esse período representou uma inflexão na trajetória da Petrobras, que passou a ser vista mais como um ativo a ser explorado no mercado global do que como um pilar da soberania nacional.
No início dos anos 2000, durante os governos de Lula e Dilma Rousseff, a Petrobras experimentou uma expansão significativa, com descobertas do pré-sal e investimentos massivos. Importa entender que ao se declarar autossuficiente em petróleo, o Brasil ameaça o status quo e a relação de dependência, fruto do neocolonialismo. Não coincidentemente, também foi nesse período que começaram a surgir denúncias de corrupção, que mais tarde seriam centrais na Operação Lava Jato. Essa fase de expansão foi marcada por uma tentativa de fortalecer a empresa como um instrumento de desenvolvimento nacional, mas, ao mesmo tempo, revelou a vulnerabilidade das instituições brasileiras diante de interesses econômicos externos, que se manifestaram tanto na esfera política quanto na jurídica.
