Oriundo de uma família tradicional – seu pai, José, foi governador e senador do Paraná -, Carlos Alberto Richa, o Beto Richa (PSDB), teve uma ascensão meteórica na política paranaense. Eleito pela primeira vez deputado estadual em 1995, ele se tornou vice-prefeito de Curitiba em 2001 e ainda chefiou o Poder Executivo municipal entre 2005 e 2010. Entre 2011 e 2018, foi eleito e reeleito governador do Paraná, vencendo ambas as disputas ainda no primeiro turno.

Mas tão rápida quanto a ascensão foi também a queda do tucano. Seu segundo mandato no governo estadual, por exempo, ficou marcado pelos episódios do dia 29 de abril de 2015, quando ocoreu a chamada Batalha do Centro Cívico. Naquele dia, servidores públicos do Paraná (em sua maioria profissionais da educação) se reuniram em frente à Assembleia Legislativa para protestar contra um projeto que alterava o custeio da Paraná Previdência e foram violentamente reprimidos pela Polícia Militar que, sob comando do então secretário de Segurança, Fernando Francischini, deixou 200 pesoas feridas após um ataque com direito a bombas, balas de borracha, cachorros e gás de pimenta.

Quase três anos depois, deixou o Palácio Iguaçu para disputar uma das duas vagas para o Senado pelo Paraná em disputa nas eleições de 2018. Apesar dos acontecimentos de 2015, era um dos favoritos para ganhar o pleito. Mas poucas semanas antes do dia da eleição, na manhã de 11 de setembro de 2018, acabou sendo preso (junto de sua esposa, Fernanda) pela Operação Rádio Patrulha, do Ministério Público do Paraná, no mesmo dia em que seria alvo da 53ª fase da Operação Lava Jato (Integração). Nos meses seguintes, ainda teve de encarar mais duas vezes a prisão, totalizando 30 dias atrás das grades.

Por causa dessa interferência, acabou não sendo eleito. Mas o pior, diz ele, não foi perder um mandato de oito anos. “O que me deixou enlouquecido foi a desonra, a humilhação e execração pública a que eles me submeteram. Preso, três vezes. É uma loucura total, uma insanidade. E agora ambos [Sergio Moro e Deltan Dallagnol] estão na política”, desabafa o tucano. “Eu fui vítima de um sistema, fui vítima da Lava Jato”, emenda ainda ele.

Em depoimento ao Museu da Lava Jato, gravado em parceria com o Estúdio Bem Paraná, Beto Richa contou mais detalhes sobre tudo o que vivenciou desde 2018, em mais uma evidência dos abusos cometidos pela chamada “República de Curitiba”. Numa fala forte e emocionada, inclusive, o ex-governador do Paraná chegou a admitir que pensou até mesmo em suicídio. “Eu vi a minha mulher chorar todos os dias em 2019. Não pense que eu não olhei pela janela do 24º andar e tive vontade de pular”, afirmou o agora deputado federal.