Luís Roberto Barroso, presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), votou contra a abertura de processo disciplinar desfavorável a quatro juízes que participaram das investigações da Operação Lava Jato. Barroso inseriu o voto no julgamento virtual que decidirá se os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF-4) Loraci Flores e Thompson Flores e os juízes Danilo Pereira e Gabriela Hardt vão responder ao processo. O presidente do CNJ defendeu o arquivamento do processo, justificando que não há irregularidades na conduta dos quatro integrantes da operação.

O desembargador Marcelo Malucelli, do TRF-4, afirmou na Corregedoria Nacional de Justiça que não sabia sobre a existência da sociedade entre seu filho, o advogado João Malucelli, e o ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro. As declarações são de um vídeo gravado em 2023 e divulgado pelo CNJ na última semana. Durante o depoimento, Malucelli afirma: “Fui pego de surpresa […]. É engraçado contar porque minha esposa, nervosa, disse em casa: ‘Inclusive, estão dizendo que você é sócio do Moro e não sei o quê. Que absurdo’. E ele [João Malucelli] falou assim: ‘É, mas eu sou. Eu faço parte. Meu nome tá lá’. Foi aquela surpresa geral em casa. Eu não sabia. Mas isso aí jamais interferiria nos meus julgamentos.” O filho de Marcelo namora a filha de Sergio Moro e é sócio dela, do senador e de Rosângela Moro no escritório de advocacia da família. Apesar disso, o desembargador afirmou que nunca estabeleceu uma relação social com o ex-juiz e senador Sergio Moro.

Algumas mensagens hackeadas da Operação Lava Jato, que estão sob posse da Polícia Federal pela Operação Spoofing, foram divulgadas recentemente de forma inédita. As mensagens de texto mostram a intimidade entre o juiz Sergio Moro e os procuradores que atuaram na operação, reafirmando a suspeita de conluio. Nos diálogos, trocados no Telegram, é possível notar Moro, apelidado de ‘Russo’, influenciando no rumo das investigações. Há mensagens em que Moro expressa diretamente perguntas sobre o andamento da operação internacional com a Suíça, solicitação de adiamento de fases ostensivas da Lava Jato e pedidos de ajustes ou recomendações.

O senador Sergio Moro comentou, em entrevista, os possíveis desdobramentos da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Tofolli, de anular os processos contra o executivo Marcelo Odebrecht. Ao ser questionado sobre a sua opinião em relação a devolução dos valores pagos por Marcelo, Moro afirmou: “Espero que não. Seria algo absurdo. Mas não tenho como fazer um envolvimento dentro daquele processo”. 

O advogado Nabor Bulhões, representante de Marcelo Odebrecht, concedeu uma entrevista a TV GGN e afirmou que o seu cliente não possuía sequer envolvimento em contratos com a Petrobras. Bulhões teceu críticas ao ex-juiz e senador Sergio Moro e à forma com que a operação foi conduzida. Em uma das declarações, o advogado afirmou: “Desde o início, os operadores da finada ‘lava jato’ atuaram para manipular o grau de jurisdição e manter as investigações e os processos que delas derivaram na 13ª Vara Federal de Curitiba”. 

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