Depois de Deltan Dallagnol, ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal de Curitiba, ter seu mandato como deputado federal cassado, agora é a vez do ex-juiz Sergio Moro se preparar para encarar a Justiça.

O senador do Paraná é réu de investigação judicial eleitoral por suspeita de abuso de poder econômico na pré-campanha de 2022 (quando era filiado do Podemos e almejava disputar a Presidência da República) e corre risco de derrota já em seu próprio reduto, a Justiça do Paraná. Isso porque a composição do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) mudou no começo de julho, com troca de três membros da Corte e mudança até na relatoria do caso contra Moro (saiu Mário Helton Jorge e assumiu D’Artagnan Serpa Sá).

O caso ainda está em tramitação, não há previsão de julgamento e, se condenado no TRE-PR, Moro ainda poderá recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral. Caso o ex-juiz perca o cargo político, no entanto, uma nova eleição deverá ser convocada. Nomes como Ricardo Barros (PP) e Paulo Martins (PL) acompanham de perto a situação, visando disputar a cadeira que ficaria vaga no Senado.

Mas a perda de mandato pode ser só o começo da derrocada de Moro. Na avaliação do deputado federal André Janones, a prisão do ex-juiz é “questão de tempo”. A visão do parlamentar leva em consideração as revelações que o paranaense Tony Garcia, empresário e ex-deputado estadual, tem feito sobre a turma lavajatista, para quem teria atuado como agente infiltrado (Tony foi delator da ‘República de Curitiba’ já nos tempos do caso Banestado).

Na última semana, inclusive, Garcia divulgou uma série de áudios, nos quais aparece combinando detalhes de uma sentença com Moro e conversa com procuradores do MPF de Curitiba sobre a “festa da cueca” – um evento com desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região com prostitutas em um hotel de alto padrão em Curitiba, cujas imagens teriam sido obtidas por Moro anos atrás e utilizadas pelo então juiz como instrumento de chantagem.

Já no Rio de Janeiro, a Corregedoria Nacional do Ministério Público (CNMP) abriu uma representação para analisar a conduta de procuradores do MPF da extinta Operaçâo Lava Jato fluminense, após um empresário ter denunciado a utilização de tortura e métodos medievais para forçar réus a fazer delações. Um tipo de denúncia que tem aparecido mais numerosamente nos últimos tempos e que é também o tipo de situação que levou Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, a declarar que o “modelo Moro-Dallagnol deu errado” e que é preciso “salvar o Judiciário desse grande escândalo” provocado pelo lavajatismo e seus métodos.

REFERÊNCIAS E OUTRAS NOTÍCIAS

  • Moro tem mandato sob ameaça e corre risco de derrota já no Paraná – https://acesse.one/hxC8c
  • Casos contra Moro no TRE podem levar à eleição suplementar – https://encr.pw/ziKRo
  • Janones: ‘Prisão de Sergio Moro é questão de tempo’ – https://l1nq.com/K8Hc6
  • Gilmar Mendes diz que houve uma “degeneração” no MPF com a Lava Jato – Política – https://l1nq.com/i8lFt
  • Operação Lava Jato pode ganhar sobrevida no Judiciário de Curitiba – https://encr.pw/Q7JZc
  • Corregedoria do Ministério Público apura conduta de procuradores do MPF após denúncia de delator da Lava Jato – https://acesse.one/4PTA5
  • OUÇA: Áudios confirmam “festa da cueca” no TRF-4, mostra Tony Garcia – https://l1nq.com/e1f6G
  • Tony Garcia aciona o CNJ contra Gabriela Hardt por ‘inércia’ após acusação sobre Moro – https://encr.pw/f6YVw
  • Toffoli dá a Bruno Dantas acesso a conversas entre procuradores da ‘lava jato’ – https://encr.pw/fFYBr
  • Ex-OAS: recuperação da Coesa não deveria ter sido homologada, diz TJSP – https://l1nk.dev/tPIEm