A semana que passou foi repleta de novidades e revelações envolvendo a Operação Lava Jato e seu diversos atores. No UOL, por exemplo, os jornalistas Jamil Chade e Leandro Demori publicaram uma impactante reportagem que mostra como o então coordenador da força-tarefa no Ministério Público Federal, o ex-deputado Deltan Dallagnol, negociou em sigilo, ao arrepio das leis e ferindo a soberania brasileira, com as autoridades estadunidenses um acordo para dividir o dinheiro que seria cobrado da Petrobras em multas e penalidades por causa da corrupção.

Para se defender, Dallagnol usou as redes sociais para alegar que as mensagens divulgadas estariam sendo usadas “sem qualquer critério ético” e que não há nada de ilegal no procedimento adotado pelo MPF. O Tribunal de Contas da União, contudo, pareceu não concordar com relação à legalidade de tais atos, tanto que Dallagnol foi novamente acionado novamente pelo TCU, numa representação feita pelo subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado – que também pediu que o ex-coordenador da Lava Jato, caso condenado, seja impedido de usar “vaquinhas” para pagar suas dívidas.

Já o jornalista Luis Nassif, do Jornal GGN, lançou um trabalho que se propõe a evidenciar como a Polícia Federal (ou parte dela, pelo menos) foi cooptada pelo lavajatismo, “se transformando numa Polícia Federal à parte, desgarrada da própria instituição, e dos sistemas de freios internos.” A extensa reportagem recorda casos de abusos recentes (como a Operação Carne Fraca, o grampo ilegal na cela de presos da Lava Jato e a Operação Ouvidos Moucos, que levou ao suicídio do reitor Cancellier, da UFSC) e mostra como delegados da PF e a própria corporação foram ganhando poder nos últimos anos.

Além disso, na última semana também houve diversas notícias envolvendo juízes que atuam ou atuaram na Lava Jato. Eduardo Appio, que chefiou a 13ª Vara Federal de Curitiba, segue afastado de suas funções, decidiu o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que também optou por abrir uma reclamação disciplinar para apurar a conduta da magistrada Gabriela Hardt, que teria deixado de tomar providências após ser alertada de supostas ilegalidades que teriam sido cometidas pelo ex-juiz Sergio Moro e ex-procuradores da República.

Já o juiz Fábio Nunes de Martino, que assumiu a Lava Jato de Curitiba após o afastamento de Appio, começa a enfrentar os primeiros “testes de fogo” na 13ª Vara, tendo de decidir sobre pedidos para desbloqueio de grandes quantias de dinheiro de réus da Lava Jato e de tratar dos grampos ilegais encontrados na cela de Alberto Youssef em 2014.

REFERÊNCIAS E OUTRAS NOTÍCIAS

  • Lava Jato tratou em sigilo com EUA divisão de dinheiro cobrado da Petrobras – https://acesse.one/XHTOV
  • Após ter novas conversas da Lava Jato vazadas, Deltan se defende: ‘Usam mensagens sem critério’ – https://ury1.com/PWpNA
  • Dallagnol é acionado no TCU; subprocurador aponta “valor injustificado” no caso Petrobras-EUA – https://ury1.com/N2cwc
  • Xadrez dos delegados da Polícia Federal, o maior desafio de Flávio Dino – https://urx1.com/iOsc7
  • Uma parceria Lava Jato-Globonews que poderia ter terminado em tragédia – https://ury1.com/KN7YF
  • CNJ mantém afastamento de Appio da Lava Jato em Curitiba – https://l1nq.com/md0Ob
  • CNJ abre processo disciplinar contra juíza Gabriela Hardt – https://l1nq.com/xlNYI
  • Novo juiz da Lava Jato tem ‘teste de fogo’ 4 anos após apoiar Moro- https://acesse.one/TAtZH
  • Sérgio Moro atualiza perfil profissional no LinkedIn como senador após 5 meses no cargo – https://l1nq.com/KIYHj
  • Bolsonaro já articula apoio para substituto de Moro, caso senador seja cassado – https://l1nk.dev/UUw2h
  • O que pesa contra Sergio Moro na Justiça Eleitoral – https://l1nq.com/lzDyx