A recente discussão sobre a substituição da escala de trabalho 6×1 pela 4×3 traz reflexões importantes sobre o mercado de trabalho brasileiro e nos remete aos impactos da Operação Lava Jato na economia.

A Operação Lava Jato, afetou severamente setores estratégicos, como construção civil e petróleo, resultando na perda de milhões de empregos formais e na redução da renda no país. Esse contexto de desemprego e precarização abriu espaço para a flexibilização das relações de trabalho, levando milhões de brasileiros à informalidade. No entanto, o fim da escala 6×1 e a proposta de uma jornada de 36 horas semanais na escala 4×3 indicam uma possibilidade de reversão desse cenário, um caminho para o pleno emprego e melhores condições de trabalho.

O Contexto Pós-Lava Jato e a Crise do Emprego Formal

Entre 2014 e 2017, a Lava Jato levou a uma retração significativa dos investimentos públicos e privados, resultando na perda de aproximadamente 4,44 milhões de postos de trabalho formais. Essa redução no número de empregos gerou um cenário de estagnação econômica e uma queda na massa salarial, o que, por sua vez, reduziu o consumo interno e o investimento, aprofundando a crise econômica. Com menos empregos e a economia em retração, uma massa de desalentados foi formado – o chamado exército industrial de reserva – e o trabalhador se viu pressionado a aceitar condições de trabalho precarizadas, como contratos temporários e intermitentes, impulsionados pela reforma trabalhista de 2017.

O Fim da Escala 6×1 como Resposta à Crise

A proposta de jornada reduzida na escala 4×3, apresentada pela deputada Erika Hilton, aponta para uma nova perspectiva no mercado de trabalho. Com uma jornada semanal de 36 horas, haveria a necessidade de contratação de novos trabalhadores para manter os níveis de produtividade, o que permitiria a criação de milhões de novos empregos formais. Esse incremento no número de empregados geraria um aumento significativo na massa salarial disponível para consumo, fortalecendo o mercado interno nacional. Os exemplos no mundo afora sugerem que, ao absorver cerca de 8 milhões de novos trabalhadores, a economia brasileira poderia registrar uma elevação na demanda e no consumo, contribuindo para a retomada do crescimento econômico e a recuperação dos índices de pleno emprego observados antes da Lava Jato. Foi assim na Islândia, onde a economia cresceu 5% desde a adoção da jornada 6×1.

Desafios e Benefícios para Empresas e Trabalhadores

A transição para uma jornada reduzida apresenta resistências. Os seus críticos citam que a medida levaria a um aumento dos custos para as empresas. No entanto, uma intervenção do governo federal poderia estabelecer políticas de incentivo e apoio fiscal para as empresas, especialmente as de menor porte, para que dessa forma se viabilizasse essa adaptação sem prejuízos financeiros. Essa medida possibilitaria uma transição tranquila para a jornada 4×3, evitando que os custos fossem transferidos diretamente para os trabalhadores e garantindo o impacto positivo da medida no mercado de trabalho.

Conclusão

O fim da escala 6×1 e a adoção da escala 4×3 representam uma oportunidade de retomar o caminho do pleno emprego, da segurança trabalhista e do crescimento econômico que o Brasil tinha antes da Lava Jato, rompendo de vez com o ciclo de precarização do trabalho acelerada pela Operação. Com essas mudança, o Brasil poderia finalmente superar os legados negativos da crise provocada por Sérgio Moro e sua turma, e voltar de vez a trilhar o caminho da prosperidade econômica, sem perder de vista a dignidade que todo o trabalhador tem direito.

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