GLEISI RELEMBRA PASSADO DE TRANSPARÊNCIA INTERNACIONAL: SÓCIA DA CORRUPÇÃO DA LAVA JATO. Confira essas e outras notícias na newsletter da última semana 17/02/25
Em semana que a Lava Jato é novamente desmoralizada nas instâncias superiores, as finalidades políticas da operação são tratadas já com naturalidade. Por um lado, recompensa-se com impunidade aqueles que fomentaram a imparcialidade e o sensacionalismo jurídico, por outro, a prisão de Lula é usada como troféu em disputa por espaço na extrema-direita. E ainda, a despeito da notória suspeição, a grande mídia faz coro com os lavajatistas ao divulgar ranking sobre corrupção elaborado por instituto investigado por receber dinheiro da Lava Jato.
Lava Jato desmoralizada no Supremo:
A começar pela nova desmoralização da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, o caso dessa semana se refere à investigação contra o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade – SP). Acusado por suposto caixa dois em repasses da Odebrecht na eleição de 2014, a denúncia baseou-se em desdobramentos da Lava Jato, cujo único material probatório seria as declarações da própria Odebrecht. Toffoli foi taxativo em sua decisão:
“Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações do agente colaborador”
É bem sabido ser essa uma fórmula recorrente da operação, que chegava a articular com os próprios delatores para dar sequência às condenações que lhes eram interessantes. No Supremo, no entanto, essa prática não tem mais emplacado, e a investigação contra Paulinho da Força foi encerrada por nulidade das provas utilizadas.
Procurador sai impune por outdoor propagandístico da Lava Jato:
No entanto, o lavajatismo não é uma força esterilizada dentro do poder judiciário, e a exemplo disso está a impunidade que premiou o ex-membro da força tarefa, o procurador Diogo Castor de Mattos, investigado por ter-se utilizado de nome de terceiros para contratar um outdoor propagandístico da Lava Jato. Nele foi divulgada a frase “Aqui se cumpre a lei” abaixo dos expoentes da operação enfileirados em frente à bandeira nacional. Trata-se de flagrante esforço para usar a operação para promover suas carreiras políticas. Não por acaso, no centro do outdoor estava Deltan Dallagnol, que logo viria a ser deputado federal. Tampouco foi por acaso o uso de nome de terceiros para a contratação do outdoor, afinal de contas, Diogo Castor de Mattos tinha ciência da irregularidade que cometia. Apesar da clara irregularidade, a 1ª Vara Federal de Curitiba não cumpriu a ordem de condenar o procurador à perda do cargo, vinda do Conselho Nacional do Ministério Público, e o TRF-4 referendou a absurda decisão.
O lavajatismo na região não é incomum, mas como ainda cabia recurso, de infeliz conivência foi a decisão do procurador Elton Venturi — destacado para tal função pelo Procurador-Geral da República, Paulo Gonet — que abriu mão de recorrer. Venturi já havia sido denunciado pelo coletivo Advogados e Advogadas pela Democracia por seu alinhamento ideológico lavajatistas, o que se confirma no presente caso. Fica evidente, portanto, que mesmo que o STF momentaneamente demonstre esforços para reverter os desmandos lavajatistas, a influência da operação no poder judiciário está longe de desaparecer.
Entrevero entre Sérgio Moro e Mário Frias:
O uso político da Lava Jato, porém, não está limitado a eventos passados. Na verdade, ele segue cada vez mais descarado, o que ficou evidente nas falas do atual senador Sérgio Moro em seus recentes embates com o ex-secretário bolsonarista, Mário Frias. Conforme já havia demonstrado na semana anterior ao vir a público e defender a anistia aos golpistas do 08/01, pauta prioritária da extrema-direita, o senador e provável candidato ao governo do Paraná procura expandir seu eleitorado. No entanto, não é tarefa simples, visto que as relações entre Moro e os bolsonaristas vêm estremecidas desde sua renúncia ao ministério da justiça e da segurança pública em 2020.
Assim, o aceno à extrema-direita mais uma vez feito por Sérgio Moro foi rapidamente respondido por uma das figuras mais polêmicas do antigo governo, o ex-secretário especial da cultura, Mário Frias. Em tempos em que figuras públicas de grande relevância disfarçam gestos nazistas para todo o mundo ver, não é desnecessário lembrar que Mário Frias surge na política para ocupar o cargo de Roberto Alvim, apenas 5 meses após este ser afastado por conta de um pronunciamento em que imitava a estética e o discurso do ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels. É com um político de tal origem que Sérgio Moro disputa o campo político. A resposta de Frias no Twitter (atual X) levou Moro a respondê-lo, culminando em trocas de ofensas de baixíssimo nível.
O que sobressai desse embate é a forma como o senador optou por tratar seu passado como juiz. Se em um passado próximo havia um certo esforço em manter o tema no tom jurídico, hoje o discurso político já se apresenta com total naturalidade: após Moro acusar Frias de fazer “papel de palhaço”, ele vangloria-se de ter prendido o atual presidente Lula, como forma de destacar-se como melhor representante no campo da extrema-direita. O contexto fala por si: a prisão de Lula nada teve de jurídica, e, se não bastassem as provas de delinquência na condução do processo e a escassez delas na sentença, o comportamento do ex-juiz só deixa tudo mais escancarado. Por trás do processo sempre houve pretensões políticas, e hoje vemos o esforço de Moro em utilizá-lo para bancar sua carreira.
Mídia, corrupção e Transparência Internacional: Gleisi relembra passado recente do instituto
Ainda que a farsa da Lava Jato seja desconstruída dia após dia, e suas motivações políticas expostas com clareza, ainda tenta agir com naturalidade aquela que foi grande cúmplice da operação desde o seu início: a mídia tradicional brasileira. No dia 11/02/25, o Jornal Nacional decide, mais uma vez, fazer coro ao discurso político lavajatista, como muito bem descreve a jornalista Eliara Santana no Jornal GNN. O tema da vez foi a nova edição de um ranking sobre corrupção, no qual o Brasil é colocado em sua pior colocação desde o início de tal medição. A ideia que se quer passar com tal reportagem é a de que o Brasil estaria mais corrupto no atual governo, e que processos recentes estariam por trás disso — como a reversão dos desmandos da Lava Jato.
O instituto que elaborou esse ranking, no entanto, citado com a maior naturalidade e sem explicações mais profundas, é a Transparência Internacional. Conforme relembra a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffman, tal organização é a mesma que consta em relatório vazado do Conselho Nacional de Justiça por ter auxiliado a desviar bilhões para criar uma fundação privada de Deltan Dallagnol. A origem do estudo já merece suspeita, mas o seu método é ainda pior: baseia-se na opinião de grupos muito específicos, como os empresários, para mediar a percepção de corrupção, e ainda atribui uma nota baixa baseando-se na frequência com que o presidente fala sobre o assunto, e não na forma como as pessoas absorvem.
O ministro da CGU, Vinicius Marques de Carvalho, ressaltou tamanhas estranhezas do ranking, o que levou Sérgio Moro a sair em defesa da Transparência Internacional. Com tantos elementos aqui lembrados, que deixam claro como essa defesa que o senador fez do ranking na verdade é bastante conveniente, ainda assim a mídia brasileira repercute como se fosse um mero debate de como melhor combater a corrupção no país. Nunca foi sobre justiça, sempre foi sobre interesses políticos, tanto o ranking deste instituto quanto a atuação de Sérgio Moro na Lava Jato. Conforme foi dito, isso já está escancarado e é muitas vezes tratado com naturalidade, mas a velha aliança da mídia com a Lava Jato segue utilizando qualquer oportunidade que tenham para reeditar mais uma vez o seu discurso.
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Referências e outras notícias
- Lava Jato desmoralizada no Supremo: https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/02/13/toffoli-encerra-investigacao-da-lava-jato-contra-paulinho-da-forca.ghtml
- Procurador sai impune por outdoor propagandístico da Lava Jato: https://jornalggn.com.br/noticia/caso-do-outdoor-da-lava-jato-chega-ao-fim-desmoralizando-o-cnmp-e-expondo-gonet/
- Entreveiro entre Sérgio Moro e Mário Frias: https://oglobo.globo.com/blogs/sonar-a-escuta-das-redes/post/2025/02/papel-de-palhaco-x-cretino-moro-e-mario-frias-trocam-ofensas-apos-deputado-criticar-lava-jato.ghtml
- Mídia, corrupção e Transparência Internacional: https://jornalggn.com.br/midia/jn-11-02-a-velha-e-cretina-parceria-reeditada-por-eliara-santana/
- O que é a Transparência Internacional: https://pt.org.br/gleisi-transparencia-internacional-foi-socia-da-corrupcao-da-lava-jato/