A Justiça do Paraná derrubou uma tentativa de censura de Sergio Moro contra o jornalista estadunidense Glenn Greenwald. O ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, ex-presidenciável e hoje senador do União não gostou de ter sido chamado de “juiz corrupto” por sua atuação ilegal à frente da Operação Lava Jato e na política e tentou obrigar, judicialmente, Greenwald a excluir publicações no Twitter e no YouTube com críticas contra si. No final das contas, entretanto, o Tribunal de Justiça do Paraná “reconheceu o direito que o Glenn tem de chamar o juiz corrupto de juiz corrupto”, afirmou o advogado José Renato Gaziero Cella, responsável pela defesa do jornalista.

Moro chegou a obter, em primeira instância, uma decisão em seu favor que mandava o jornalista apagar uma mensagem no Twitter de Greenwald, que havia escrito o seguinte: “O corrupto juiz brasileiro que ordenou a prisão de Lula em 2018 para impedi-lo de concorrer à presidência, e que em seguida foi trabalhar para Bolsonaro ocupando o cargo de ministro da Justiça (como uma forma de deixar de acusar Bolsonaro de corrupção), está agora concorrendo à presidência da República, e acusa Bolsonaro e Lula de fazerem campanha de apoio a Putin”.

Mas a 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná, em decisão colegiada, decidiu que Greenwald tem o direito de chamar Sergio Moro de corrupto e que o impedir de fazê-lo seria uma “lesão à liberdade de opinião pública e política do agravante [Glenn], que exerce papel de imprensa, suscitando evidente censura”. O ex-juiz ainda pode recorrer da decisão, apelando ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça.

Por meio das redes sociais, Greenwald comemorou a vitória na Justiça. “É claro que estou grato e honrado por ter conquistado para o Brasil o direito de chamar Moro de “juiz corrupto”, porque ele é. Ele passou anos atacando Bolsonaro e Lula por não respeitar o direito da imprensa de criticar os políticos, mas me processou para silenciar minhas críticas”, escreveu.