Rodrigo Tacla Duran concedeu na última semana uma entrevista ao UOL, na qual deu mais detalhes sobre as acusações que faz contra membros ligados à força-tarefa da Operação Lava Jato. Ex-advogado da Odebrecht e acusado de lavar dinheiro de propina, ele afirma que pessoas próximas a procuradores do Ministério Público Federal (MPF) de Curitiba e ao ex-juiz Sergio Moro (então titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da Lava Jato) cobravam uma espécie de “taxa de proteção” de eventuais alvos da operação.

Sempre de acordo com Tacla Duran, essa taxa de proteção era sempre cobrada através de intermediários e o valor exigido era de 50 mil dólares por mês. Doleiros como Darío Messer, Claudio Barbosa e Vinícius Claret, inclusive, teriam pago o montante durante anos. Em troca do dinheiro, investigados evitavam se tornar réus, delatores conseguiam condições melhores no acordo de colaboração premiada e pessoas suspeitas evitavam passar um tempo na prisão. Já se não houvesse o pagamento, iniciava-se uma perseguição judicial.

O ex-advogado da Odebrecht, inclusive, alega que chegou a pagar o valor exigido para dois advogados (Carlos Zucolotto e Marlus Arns) que teriam ligações com Moro e Deltan Dallagnol. Resolveu fazer cessar os pagamentos, contudo, ao notar que a extorsão não teria fim. “Eu paguei, mas não tinha segurança de que iriam parar com o que estavam fazendo. Continuavam pressionando por mais dinheiro e aí eu rompi. Isso é uma chantagem, é um jogo de extorsão. Isso nunca para, tanto que Vinicius Claret, Messer, relataram que pagaram isso por anos, desde 2012, 2013. Foram cinco, seis anos pagando. É uma coisa que não tem fim.”

Agora, Tacla Duran se prepara para vir ao Brasil, prestar esclarecimento às autoridades e apresentar as evidências que possui para corroborar as alegações que faz. “Os pedidos [de dinheiro] vinham de advogados, sempre com a desculpa que era para aproximação, para tratar de acordo [de delação premiada]. Se eles [Moro e Deltan Dallagnol] sabiam disso ou não, é uma coisa que tem de ser investigada”, pontua o advogado, comentando ainda que o ex-juiz da Lava Jato pode ser preso “pelo conjunto da obra”.

“Com certeza [é possível que Sergio Moro seja preso], não só pelo que eu apresento, mas pelo conjunto da obra: porta giratória, Alvarez & Marsal… Há um conjunto de coisas que demonstram que as práticas vinham desde muito antes. Comigo, foram interlocutores que fizeram. Se eles podiam entregar o que eles venderam [taxas de proteção], evidentemente isso atinge o Sergio Moro”, disse.