Centenas de réus processados pela Operação Lava Jato poderão ter acesso às mensagens hackeadas de membros da força-tarefa para usarem em suas defesas. A decisão é do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), em Brasília, que ontem resolveu mandar a Polícia Federal compartilhar o material apreendido na Operação Spoofing com quase 400 pessoas.

Na última semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) já havia proibido a destruição das mensagens, obtidas por hackers – em 2019, quando ainda era ministro da Justiça, Sergio Moro teria ordenado a destruição do conteúdo, que deu origem à série de reportagens da Vaza Jato, que expôs diversas ilegalidades cometidas pelo pessoal da “República de Curitiba”.

Na última semana, inclusive, foram divulgados novos trechos dos diálogos entre membros da Lava Jato pelo Jornal GGN, os quais revelam, entre outras coisas, que a operação tentou chantagear um ministro do STF (Dias Toffoli) e que o desembargador Thompson Flores Lenz solicitou à força-tarefa a redação de súmulas para o TRF4 nas matérias penais e de improbidade administrativa (provavelmente as que aumentaram as penas de Lula).

Todas essas revelações, aliadas ainda às revelações de ex-delatores e investigados (como Tony Garcia e Rodrigo Tacla Duran), têm feito aumentar ainda mais os indícios que apontam para uma atuação criminosa de membros do Poder Judiciário. Em entrevista ao Brasil 247, inclusive, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Silvio Almeida, foi enfático ao comentar essa situação, cobrando a punição daqueles que atentaram contra a pátria através do lawfare.

“A Lava Jato é uma das piores tragédias que aconteceu na história do Brasil. Ela é uma junção de lawfare com ataque imperialista e com banditismo e outras coisas mais. A Operação Lava Jato não é só uma operação judicial, não é só uma operação levada a cabo por um juiz e um grupo de procuradores. A Lava Jato foi um grande ataque às instituições brasileiras, um grande ataque à democracia”, declarou o jurista e filósofo. “Espero que no futuro nós tenhámos a possibilidade de iniciar esse processo de reconstrução de memória, verdade e Justiça. Em geral, essas coisas começam pela Justiça. Então é necessário que iniciemos pela Justiça. Que os responsáveis pela destruição do tecido social brasileiro, das instituições brasileiras, essas pessoas tenham que prestar contas à Justiça brasileira em breve sobre os atos praticados, inclusive sob o manto da Justiça que vestiram. A partir daí podemos iniciar uma política de memória, de verdade e uma política de não repetição, porque precisamos nos certificar de que casos de corrupção judicial, como foi a Operação Lava Jato, não ocorram mais no Brasil, conspurcando a nossa democracia.”